Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
dubois@aeiou.pt

quinta-feira, novembro 27, 2003

Oops

Silly me... links:
Mapa de Vinland
Mortalha de Turim

Guião - realidade alpha blend

O mapa de Vinland e a mortalha de Turim sempre foram coisas que me confundiram. Então a ciência está tão avançada e ninguém tem a certeza se aquilo data de 1423 ou 1922. O que é que se passa ali? A minha mais puxada imaginação não chegava a uma pálida realidade do que está em background.

quarta-feira, novembro 26, 2003

Zero

Olá rapazinho que vieste do espaço. Sei que chegaste aqui ao nosso planeta com um sorriso nos lábios. Sei que vieste em paz e que trouxeste oferendas de união. Sei também o quanto ficaram surpreendidos os teus conterrâneos por terem descoberto que não estavam sozinhos no Universo. Esse grande pedaço de nada habitado por neutrinos e onde nem a luz pode ter uma vida descansada. Infelizmente, os nossos líderes não quiseram esperar por ti, bravo rapaz das estrelas. Nossos líderes só tinham vista para os míseros pedaços de matéria que ocupavam. Um quark de um átomo de uma molécula de um grão de areia no universo. Mas isto é só a nossa galáxia. Vista de tua casa, viajante estelar, a nossa extinção seria olhada com tanta indiferença como nós vimos extinguir uma supernova. Por isso nestes poucos minutos que me restam, te deixo esta mensagem. Junto a ela uma foto da minha terra natal, último sítio onde vi a cor verde na sua forma natural. Tenho pena que vejas apenas o pedaço queimado de carbono e não a embriagante gama de tons espectrais que outrora teve.

terça-feira, novembro 25, 2003

Well tonight thank God it's them instead of you

Hoje enquanto vinha para casa e via pessoas já atulhadas com sacos de merda para o Natal, lembrei-me de uma canção da minha adolescência. É agradável pensar em inutilidades, deixar que o vazio absoluto tome conta das nossas vidas e o telejornal é apenas mais uma novela. E que giro que é ver "imagens que podem chocar"!

It's hard, but when you're having fun
There's a world outside your window
And it's a world of dread and fear
Where the only water flowing is the bitter sting of tears

And the Christmas bells that ring there
Are the clanging chimes of doom
Well tonight thank God it's them instead of you
And there won't be snow in Africa this Christmastime

Band Aid Christmas Song
M. Ure and Bob Geldof



segunda-feira, novembro 24, 2003

Poema de Natal

O meu ar é o teu mundo
E se eu tossir, morrerás!

A nova burguesia

Na rua as manifestações avançam. O povo pede direitos básicos que foram prometidos, mas nunca foram efectivamente cedidos. O direito a garagem para dois carros, um quarto de visitas e escritório. Mais caixotes para meter os livros, enquanto enche as prateleiras de bibelots (ou lá o que é) e prendas da sogra. Mais um restaurante italiano no bairro, para atingir as médias comunitárias. Mais um crédito inacreditável e compra-se menos um Pokemon por mês ao puto. Um hiper mais perto, afinal 500 metros ainda são caminho. Mais baleias do ártico salvas e mais desconto nos sofás de pele. Mais daquelas cortinas para banheira, com novos padrões serenos...

Entretanto a multidão pára, em silêncio. Um reporter corre, tenta libertar-se dos cabos a caminhos dos primeiros manifestantes.
Cameramen: Estamos em directo.
Reporter: Senhora, porque pararam? Porque parou a manifestação?
Senhora: Então... Não sabe? Não acredito!...
Reporter: Não, não sei... Porque pararam?
Senhora: Porque nao podemos continuar. Estamos à espera de uma pessoa.
Reporter: Estão à espera de quem?
Senhora: Ora, estamos à espera de Godot.

quarta-feira, novembro 19, 2003

Terrorismo ecológico

A verdadeira funcionalidade da camada de ozono é proteger o universo da imensa estupidez humana.

terça-feira, novembro 18, 2003

As preces da Nova Ordem

Enquanto os corvos sentados no parapeito tentavam compreender o que faziam aquelas estranhas criaturas que temiam, o céu fez-se escuro. A doentia cor de chumbo cobriu de repente os campos amaldiçoando as criaturas que, no típico excesso de confiança, corriam ao abrigo mais próximo. A noite tinha feito uma rápida visita ao dia. Não para ficar, mas para dizer que afinal hoje viria mais cedo. Beijou os campos e voltou à sua caverna celeste para mais umas horas de sono. Os corvos olhavam para toda a paisagem em movimentos quadrados, mecânicos, como se fossem compostos por rodas dentadas por debaixo da plumagem negra. Negra como aquela noite que os veio cumprimentar. Maquinaria antiga, directamente da biblioteca de Alexandria, movida a ampulhetas de barro. As criaturas voltaram depois com estranhas bestas de metal sujo. Abrindo caminho para a noite, fazendo o seu trabalho, para que um dia a noite não mais dormisse e os acompanhasse para sempre. Lado a lado num anunciado pesadelo eléctrico. Senhor, dai-nos ar para respirar, electricidade para ver e fibra óptica para viver.

Breve amálgama de alfanuméricos sem utilidade definida
Uma aproximação por lógica difusa

A maneira como ordenamos as letritas, como as espaçamos metodicamente, como pontuamos esses aglomerados ou mesmo como por vezes subvertemos as suas regras básicas para obter um twist , é uma coisa que sempre me encantou. E a maneira como afastamos as máquinas do mundo do homem usando o contexto. O contexto é a forma de compactação mais antiga da humanidade, uma maneira de repetir pequenos grupos de alfanuméricos, dando-lhe significados diferentes. Depois ainda a ironia, o sarcasmo ou as metáforas. As outras figuras de estilo. Enfim, inteligência artificial no mundo da escrita não entra.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Raspando a superfície com uma moeda

Se nos tirarem a roupa, os adornos, os livros, as revistas cor-de-rosa, os jornais desportivos, internet, pornografia, televisão, mac-rádios, bebidas alcoólicas, dinheiro, automóveis, as perspectivas de uma viagem às ilhas tropicais (figueira da foz com mais palmeiras e escravos que te trazem merdas num coco), telefones, computadores, moradias com cerca e um cão, mobílias de designer (vulgo assimétricas e verniz às cores), cinema, DVDs, música, casas de banho privativas, papel higiénico pré-humido, vinagre com sabor de frutas tropicais, restaurantes exóticos (chef francês ou de nome impronunciável), garagem para 3 carros, todo o terreno com motor de 5 litros, a TV de um metro de diametro e todos as fantasias sexuais reprimidas, não somos mais do que um grupos de hienas na savana.

domingo, novembro 16, 2003

Inter-ligação transdimensional ou "conheço aquele gajo de vista"

Um dos irmãos Antunes tem um blog. Não sei que blog é, e para ser sincero, nem sei qual dos irmãos é. Mas isso também não interessa, pois não? Sabem porquê? Porque nunca consegui compreender uma única frase vinda de qualquer uma das três bocas irmãs. E falei muito com eles. E não era metafísica, cálculo avançado ou mesmo programação em DotNet. Se bem me lembro era gajas ou pianos de cauda. Confundo sempre os dois...

sexta-feira, novembro 14, 2003

Anacronismo headbanger

Porque raio as operações americanas no Iraque têm todas nomes de grupos de speed metal alemão da década de oitenta?

quinta-feira, novembro 13, 2003

Cidade de Ouro

Cidade de Ouro
foto por Pedro (Creative Commons License) - 2003

Quando os extremos se tocam
Relatos de duas biografias que se afastaram tanto uma da outra, que se encontraram do outro lado.

Estava eu entretido a ler o meu mail quando deparo com mais um spam de um blog chamado "trombadinhas". Penso que todos os meus excelsos colegas que perdem tempo util a escrever merdas em blogs o conhecem. Li aquilo que era a entrevista com uma miúda qualquer cujo mote do seu blog é a propagação aos 4 ventos da sua virgindade. Pensei para mim "Que merda é esta? Pffff... Nem vou perder tempo a ler isto". Obviamente que fui logo lá direitinho. Li aquilo que me pareceu ser um misto de texto da Ragazza e o depoimento do Paulo Portas no tribunal aquando do caso Moderna. Fiquei tão arrepiado com tamanha devassidão que pensei de imediato ser obra de Satanás. Fui logo pegar na minha cópia da biografia de Isabel Báthori e agarrei-me aquelas palavras de purificação para não me perder por estes caminhos negros viciantes e, obviamente, más influências. Passo a transcrever o excerto para iluminar meus estimados leitores sem sono ou com pouca vontade de trabalhar.
"(...)
Um dos tios de Isabel era um reputado adepto dos rituais de adoração satânica, a sua tia Clara era uma conhecida bissexual que adorava torturar os servos, e o seu irmão, Estêvão, um bêbado devasso. Muitos membros da família manifestavam sintomas de epilepsia, loucura e outras perturbações psicológicas. Ainda criança, Isabel tinha um comportamento indomável e era propensa a ataques de raiva.
(...)"

Amen

quarta-feira, novembro 12, 2003

O FMI do intelecto

Posts curtos embrutecem. Plagiar é um delito moral. Blog é condescendente.
(direito de autor aqui)

Ordem suprema

Um anjo da guarda, na ordem celestial das entidades superiores, não é mais do que um voluntário de um centro de paralisia cerebral (na nossa ordem terrena). o planeta Terra é apenas uma maternidade em órbita ou um laboratório de germinação. Estas coisas da vida e da morte fazem-me sempre lembrar que há alguns séculos atrás, a humanidade pensava que o planeta era uma quadrado voador gigante, em que os mares terminavam em castatas de água para o infinito vazio e tudo o que eram corpos celestiais andavam aqui a rondar e prestar vassalagem. Uma bactéria a olhar para um cientista pelo cano do microscópio.

Fade out

É horrível quando nos transformamos naquilo que mais detestamos. Mais doloroso ainda é assistir a essa metamorfose, odiando-a cada vez mais e permanecendo inertes.

segunda-feira, novembro 10, 2003

Tocar o infinito

Tocar o infinito
foto por Pedro (Creative Commons License) - 2003

Comentários flutuantes (aleatórios)

A letra Z não é muito usada em títulos de blogs. Alguém alguma vez reparou no ar de conquista que um(a) empregado (a) de café faz quando, pela primeira vez, acerta naquilo que vamos pedir? Até assusta! Qual o sentido de optar por uma escolha estética inovadora e efémera, se o clássico existe desde o séc. XVIII e ainda se mantém como referência? Estáo à espera de quê? Que pegue? Que seja finalmente desta?

Grozny

Ok, está feito. E agora? Agora... Bem, agora...! Hummmm... Pretty much lost, I guess!*. Nas bravas montanhas de Novgorod, onde pernoitavam ocasionalmente membros do clã Sujskij, os cavaleiros não se ofendiam terrivelmente quando um outro cavaleiro mudava de direcção sem avisar o que seguia imediatamente atrás. Não franziam as sobrancelhas, quando numa execução em público um outro espectador falasse alto demais ou comesse pipocas. Não sentiam invejas tenebrosas quando o vizinho do lado matava mais pessoas em combate do que o seu próprio filho. Não reclamavam ao dono da taberna o quanto o javali meio-cru (fumado) com moscas (das verdes) vinha demasiado frio ou muito gorduroso. E ainda por cima era um povo treinado para matar implacavelmente desde os três tenros anos de idade. Mas eram povos educados e com elevada consciência cívica.

* - Tenho o contacto de uma boa escola de Inglês para adultos!

sexta-feira, novembro 07, 2003

Luas de artifício

Acreditas em tudo o que vês na merda dos filmes americanos que consomes, mas depois quando vês uma coisa estranha na rua dizes:"Isto deve ser encenação!". Como se percebesses nesse momento que a tua vida nunca iria fugir da normalidade. Enches a casa de tralha que vem nos jornais de agora, das caves poeirentas das editoras, e colocas tudo em casa num monte, na esperança de que um dia, por uma estranha osmose, todo o conteúdo te escorra para o cérebro. Um caso não documentado, decerto! Ou como aquela velha tia-avó que poupava todos os prazeres da vida para um momento no futuro. Janela flutuante. Para o dia X. Infelizmente morreu no dia X-1.

Servem estas frases para dizer que perdes tempo, mesmo a ler algo que te faça perceber. O tempo, o tempo... Quando eramos novos, esse tempo era extendido. Lembro-me da primeira noite que atravessei sem dormir. Achei a noite uma coisa atroz. Uma presença negra, que sem razão aparente de ser, nos invade o nosso sol e nos coloca uma fria negridão a grassar a pele. Hoje não penso nisso. Mudei de opinão. É! Quem diria, não é? Depois de uma tão má impressão.

quinta-feira, novembro 06, 2003

Problemas técnicos

Peço desculpa pelos problemas técnicos que o Castor tem neste momento. Um dia destes trato disso, mas neste momento não tenho energia nem paciência para efectuar o debuging.

Loop

A idolatração é apenas uma maneira de nos adorarmos a nós próprios, colocando-nos na pele dos idolos.

quarta-feira, novembro 05, 2003

Renascimento (amnésia de estimação)

Ora bem, por onde começar? Lembro-me que estava mau tempo e que era início de Inverno. Não era frio como os outros invernos. Não. Era húmido. Mas não era frio. Ali perto de mim estava um velho sentado a falar consigo próprio e mais ao lado estava uma senhora a dormir. Parecia-me estrangeira. Tinha alguma idade. Lembro-me de ter ficado perplexo e de ter perguntado a mim mesmo como poderia aquela senhora dormir ali na rua nestas condições. Mais à esquerda, quase ao fim do beco, estavam outras pessoas. Talvez 6 ou 7. Não contei. Apesar daquelas pessoas partilharem aquele espaço físico, a verdade é que estavam perfeitamente sozinhas. Consigo próprias. Falavam para si. Havia perguntas que ficavam orgulhosamente penduradas sem resposta e havia respostas que brotavam do mais glorioso nada. De facto era um vazio. Era apenas um ajuntamento de material orgânico, desprovido de lógica. Pelo menos eu não encontrava ali lógica. Lembro-me perfeitamente da sensação de não fazer a mínima ideia de como tinha ido ali parar. Lembro-me também de estar a tirar conclusões em voz alta e ninguém sequer ter olhado para mim. Lembro-me de me sentir orgulhosamente só e de ter consciência de que o meu esquecimento, a minha amnésia de estimação, ser voluntária. lembro-me de ter sorrido. Lembro-me que nesse dia renasci...

Comentários Off-line

... temporariamente!

terça-feira, novembro 04, 2003

O ponto invisível

O uso e abuso de artificialismos e materialismos gera uma busca exacerbada pela procura de um bem utópico que parece ser uma mistura muito desfocada de algo que poderá trazer paz mística e ao mesmo tempo conforto material. Utopia em estado puro. Essa utopia apriosiona, puxa-nos para a cave e mantem-nos num vício putrefacto e num vórtice de decadência. Enfim, a vida tal como ela é!