Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
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sábado, setembro 06, 2003

Saudações ao meridiano 13

Através das cortinas foi-me mostrado um filme
Um filme de eterna paz e serenidade
Era alvo e suave, sem grandes modulações
Porém, chamava-me por nomes que não reconheci
Amargo e pastoso
Fazia-se passar pela minha voz
Imitava os meus dizeres
Possuia toda a área que eu habitava
Quadrado após quadrado,
Movendo-me lentamente por entre as brumas
As brumas enevoadas e crespas da dúvida
Como um tubarão avancei sem poder parar
Contive-me apenas para fazer fluir as névoas
Névoas enganadores que me distituiam do caminho
O caminho não existe
Apenas círculos vistos do espaço
Circulos concêntricos e levitantes
Amarelos e quentes
Suaves e confortáveis
Cegamente me dirigi a eles
Puxei o travão da percepção
E fui engolido pela minha própria negação
Enquanto o meu orgulho sorria ao longe