As preces da Nova Ordem
Enquanto os corvos sentados no parapeito tentavam compreender o que faziam aquelas estranhas criaturas que temiam, o céu fez-se escuro. A doentia cor de chumbo cobriu de repente os campos amaldiçoando as criaturas que, no típico excesso de confiança, corriam ao abrigo mais próximo. A noite tinha feito uma rápida visita ao dia. Não para ficar, mas para dizer que afinal hoje viria mais cedo. Beijou os campos e voltou à sua caverna celeste para mais umas horas de sono. Os corvos olhavam para toda a paisagem em movimentos quadrados, mecânicos, como se fossem compostos por rodas dentadas por debaixo da plumagem negra. Negra como aquela noite que os veio cumprimentar. Maquinaria antiga, directamente da biblioteca de Alexandria, movida a ampulhetas de barro. As criaturas voltaram depois com estranhas bestas de metal sujo. Abrindo caminho para a noite, fazendo o seu trabalho, para que um dia a noite não mais dormisse e os acompanhasse para sempre. Lado a lado num anunciado pesadelo eléctrico. Senhor, dai-nos ar para respirar, electricidade para ver e fibra óptica para viver.
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