Luas de artifício
Acreditas em tudo o que vês na merda dos filmes americanos que consomes, mas depois quando vês uma coisa estranha na rua dizes:"Isto deve ser encenação!". Como se percebesses nesse momento que a tua vida nunca iria fugir da normalidade. Enches a casa de tralha que vem nos jornais de agora, das caves poeirentas das editoras, e colocas tudo em casa num monte, na esperança de que um dia, por uma estranha osmose, todo o conteúdo te escorra para o cérebro. Um caso não documentado, decerto! Ou como aquela velha tia-avó que poupava todos os prazeres da vida para um momento no futuro. Janela flutuante. Para o dia X. Infelizmente morreu no dia X-1.
Servem estas frases para dizer que perdes tempo, mesmo a ler algo que te faça perceber. O tempo, o tempo... Quando eramos novos, esse tempo era extendido. Lembro-me da primeira noite que atravessei sem dormir. Achei a noite uma coisa atroz. Uma presença negra, que sem razão aparente de ser, nos invade o nosso sol e nos coloca uma fria negridão a grassar a pele. Hoje não penso nisso. Mudei de opinão. É! Quem diria, não é? Depois de uma tão má impressão.
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