Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
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quinta-feira, outubro 30, 2003

Um abraço de enguias

O visco dos dias. Quando vais sozinho, no elevador, olhas para o espelho e fazes aquela cara que quase ninguém conhece. És livre, és tu. Mais do que quando chamas filho da puta ao gajo que te corta numa rotunda. Aí não és tu. És a tua própria incompetência para acordar cedo e guardar tudo para o limite, para que possas estar mais tempo em frente à TV (e sucedâneos) ver todos os canais. Todos mesmo. Insistes em sintonizar mesmo aqueles que nunca na vida verás. E sabes que não os vais ver. O número é que conta. Número. Eu tenho X+1 de Y+1. Mais que tu, que só tens X de Y. Quando estás sozinho no planeta Sombra, tens o teu mundo. No real sentido da palavra. Mundo. Quando te misturas com imagens desfocadas cinzentas que caminham nos passeios, conduzem na estrada e partilham os mesmos metros cúbicos de ar, não és tu. É o teu casulo exterior. Que te protege enquanto jogas Mikado por dentro.