Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
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segunda-feira, agosto 09, 2004

Um guião Barrosino, o Danúbia de las Ventas
17/8 de trás para a frente

[Silêncio, estamos a gravar...]
Um grito que dura décadas. Modulado ao longo de um túnel metálico, criando harmónicos míticos, sons que se enfiam na pele. Dentro da carne. Escondidos num baú de arquivo morto. A imagem de fora é irreal, trombónica, mono-tom. Azul codreado. É lento como o tempo, como a sua escala de areia pura. Um virtuosismo de sumptuosidade e magnificiencia. Irreal, como os tonificadores musculares da Gigashop.TV....
[Corta]
[Segunda aproximação à mesma cena, versão medieval instruído]
[Silêncio, estamos a gravar...]
Dizia-me hoje uma entidade oculta que prezo pela discrição, que os maestros que fazem bandas sonoras para os filmes de terror desistem do conservatório antes de chegarem às teclas pretas. Retorqui que também o Michael Nyman o faz, disse, mas toda a gente interpreta como opção artística. "segredos, meu caro" e esfumou-se numa fina camada de pó azul, levitando em espiral inversa.
[Corta]
Bebi martinis o resto da noite e preocupáva-me com uma falta de memória que tive o mês passado. Era pôr-do-sol, como no cinema, mas aqui parecia mais real... Matutava num erro de acentuação que lera hoje, algures num guião.