Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
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quarta-feira, julho 09, 2003

Turismo amador - a adolescência

- Este rio secou? - Perguntou a Célia ao olhar para as pedras com musgo seco. - E as lavadeiras agora vão para onde?
- Era um postal, Célia!
- Ai sim? Antigo?
- Bastante!
- Então mas que raio estamos a fazer aqui? Não há mais nada para ver?
- Sei lá! Tens alguma ideia?
- Não...

De mãos entrelaçadas e olhar meloso, deitaram-se na areia quente a contemplar a velha ponte. Os carros passavam e abanavam as placas de metal cobertas de betão. O barulho era rítmico mas não hipnótico. O sol de final de tarde desenhava nas pedras uma sombra maravilhosa. Um misto de geometria Eiffel com a beleza da corrosão natural de um vale nortenho. Uma configuração mutante e deslizante que em breve será projectada no infinito, sem base física que possa distorcer a sua geometria.

- Que porcaria, sujo-me toda aqui!
- Também já tenho formigas nas pernas. Queres ir embora, é?
- Ok...