Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
dubois@aeiou.pt

terça-feira, março 16, 2004

Gabinete de apoio à vítima (ponto org)
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"Somos todos egoístas na nossa dor". Há duas maneiras diferentes de enfrentar a dor alheia. Com um certo gozo disfarçado de compaixão ou com um aperto no esfincter acompanhado por um calorzito alarmante nos lobos laterais do cérebro. O gozo disfarçado de compaixão acontece quando um casal amigo se separa ou quando um grande amigalhaço apanha 3000 euros de multa e a carta apreendida por 2 anos. Ou mesmo quando rebenta uma bomba num meridiano a 180º do nosso e toda a gente quer consumir mais TV à espera de carnificina em formato 4 por 3, refrescamento 100hz e com Coca-Cola light no intervalo para activar subliminarmente as pupilas gustativas.
O outro tipo de dor é mais sentido. É como quando descobrimos que alguém na nossa família tem uma doença terminal hereditária ou quando o governo muda e nós fomos contratados por um chefe do antigo governo. Ou mesmo quando os corpos despedaçados ficam no meridiano adjacente e quando tens o diabo sentado no telhado.