Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
dubois@aeiou.pt

quarta-feira, maio 12, 2004

O Apelo
demência {frio:negro}1;

Eu sou ódio, sou amor
Sou a amargura que sentes na boca
e fraqueza que sentes nas pernas
Sou o filho de gerações de adultério
Filho de amores privados,
arrependimentos tardios e sofrimento de décadas de silêncio
Sou o sentimento que separa amantes
e os devolve às suas vidas miseráveis.
Possuo todos os bocados que vos faltam na alma e no coração,
e prolongo a dor que vos rasga o peito.
Sou a força cobarde que vos impede de revoltar
e os aprisiona no obscuro fosso de normalidade.
Sou fonte de inveja que dilacera o mundo
e o orgulho que separa os povos.
Sou o medo irracional que vos obriga a acomodar
e a ameaça que paira sobre vós todos os dias
Tenho a morte como meu aliado e a dor como minha companheira
tenho-vos a todos vós em pequenas esferas insignificantes
confinados, conformados e felizes de ignorância
Ouço os vossos gritos de agonia e sorriu de prazer
Sinto-me em paz com a vossa guerra
e em guerra com a vossa paz
Sou tudo e não sou nada
transbordo de alegria com a loucura que me mantém são
e com a insanidade de quem ama em vão


1 - perda total ou parcial das faculdades mentais;