Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
dubois@aeiou.pt

quinta-feira, julho 31, 2003

Detesto as manchas nas paredes!...

Diz-me uma senhora na TV.

...e a Lua ali ao lado!

A natureza humana está cheia de contradições. Desde os notívagos que vivem de dia aos suicídas que usam cinto de segurança. Se não tivesse sido inventado a palavra eramos todos telepatas. Se não tivesse sido inventada a escrita, transferíamos ideias em estado puro. Mas não! Veio a palavra e o embuste, juntos.

segunda-feira, julho 28, 2003

Este blog NÃO vai de férias

Não se pode ter tudo...

domingo, julho 27, 2003

As aventuras do menino quântico

Era uma vez um menino que jogava à bola sozinho. A certa altura a bola, num remate mais violento, entrou numa pequena gruta por detrás de uma moita. O menino olhou lá para dentro e decidiu entrar. Andou uns metros e saiu do outro lado da gruta. O aspecto parecia-lhe terrivelmente familiar. Deambulou uns minutos por ali à procura da sua bola. Afastou-se um pouco para dentro de uma pequena floresta numa encosta de uma colina. Lá de cima olhou para baixo, para o sítio de onde tinha saído. Um menino jogava à bola. Esfregou os olhos e voltou a olhar. Reparou que esse menino era ele. De repente o menino que jogava à bola lá em baixo entrou dentro da gruta. O menino na colina ficou perplexo. Era ele próprio a entrar na gruta uns minutos antes. Levantou-se e tentou perseguir o menino para ele não entrar na gruta. Ao começar a caminhar sente um toque nas costas.
- Olá - disse uma voz.
Voltando-se para trás reparou que era ele novamente.
- Mas... Mas... Tu? Sou eu! - exclamou o menino incrédulo.
- Pois és!
- Mas tenho que ir lá abaixo impedir-me de entrar novamente na gruta. - disse o menino sem sequer pensar ainda no que se estava a passar.
- Não vás. Não vale a pena. Ele não te vê. Já muitos fizeram isso.
- Muitos? Quem?
- Muitos "nós"... Anda que te mostro uma coisa.
O menino seguiu-se a si próprio pela floresta e foi dar a uma clareira onde algumas dezenas de meninos jogavam a bola.
- Mas... Sou eu? Sempre...
- Sim. Somos todos o mesmo. Saídos da gruta. Desde há décadas que vem acontecendo frequentemente. Com cada vez mais frequência. Ali mais à frente há uma comunidade onde moramos milhares. Todos eu. Todos tu. Todos nós.

Cuidado com as companhias

Já a minha mãe me dizia, desde que me lembro, para ter cuidado com as más companhias. No entanto, ao longo dos tempos, fui descobrindo que faço mais mal a mim próprio quando estou sozinho do que quando estou acompanhado. Eu sou a minha pior companhia. O problema é que até gosto de estar sozinho, o que é uma grande chatice na perspectiva da auto-destruição. Por outro lado, o vazio não é opção... Em que ficamos, perguntam os fiéis leitores? Na mesma... Voilá, um post que se anula a si próprio...

Os amontoadores de merda - Escaravelhos humanos pós-guerra

A cada vez que compro um DVD que sei à partida que só vou ver uma vez penso que o poderia alugar 10 vezes mais barato e o resultado seria o mesmo. A cada vez que compro um livro que facilmente poderia pedir a um amigo meu penso o mesmo... Estes pequenos problemas de "possessão", comuns não só a mim como também a uma vasta maioria social, fazem de nós meros escaravelhos. Aqueles que passam a vida a coleccionar imensas bolas de merda. Passam os dias das suas curtas existências arrastando colina acima, colina abaixo, enormes aglomerados de merda que depois guardam religiosamente. Os escaravelhos têm a noção daquilo que querem. Sabem para que servem as suas enormes bolas de merda. Nós, esta minoria humana amaldiçoada com uns cobres extra, não faz ideia para que quer montanhas de merda. Os escaravelhos usam as bolas de merda para mais tarde incubarem futuras gerações. Nós, estes escaravelhos sem destino, usamos essas bolas de merda para criar um estatuto social de armazenadores de tralha, que, bem vistas as coisas, é até bastante aceitável socialmente. E quem diz livros e DVDs diz todas as outras classes de lixo que se amontoam sem utilidade aparente pelos mais estranhos locais das nossas casas... É genético! Infelizmente faz de nós uma espécie animal menos eficaz do que os escaravelhos. Ajuda a passar o tempo e até dá para uns minutos mais nos cafés em conversas sociais.

sábado, julho 26, 2003

As conversas são como as cerejas

Apesar de terem bom aspecto, não têm sabor. Metade delas são podres e são extremamente inflacionadas em relação ao seu real valor.

sexta-feira, julho 25, 2003

Etiqueta bloguística 2 - Comentadores

- O comentador deve identificar-se sempre correctamente para o caso de ter que haver uma resposta.
- O comentador não deverá fazer comentários fora do contexto
- Os comentários não são um fórum
- O comentador não deve fazer comentários privados. Para isso existe o e-mail!

quinta-feira, julho 24, 2003

Etiqueta bloguistica

O que não se deve fazer

- Colocar o número de visitas visível no blog
- Falar em números no que diz respeito a visitas
- Congratular-se ou deprimir-se publicamente com o número de visitas
- Comentar nos próprios comentários
- Actualizar o blog sem colocar novos conteúdos (à excepção de mudanças a nível de template)
- Publicitar o blog em comentários alheios (a não ser que haja um contexto)

quarta-feira, julho 23, 2003

Como detectar um falso médico?

Com os rumores crescentes da existência de cada vez mais pessoas que se fazem passar por médicos, o Castor achou por bem fazer um pouco de serviço público. Quais os sinais para detectar um falso médico? Uma das maneiras mais eficazes será verificar o relatório de exames que é criado pelos aspirantes a Alves dos Reis. Se o seu relatório apresentar o aspecto que se segue, é um falso médico:

"Relatório

O paciente aparenta estar bem de saúde. Apresenta grunhidos saudáveis e os gritos de dor revelam-se algo fracos e enganadores.
Apresenta uma mancha no fígado que pode ou não ser alguma coisa grave. Pode também não ser o fígado. Os pulmões e os rins (ou vice versa) estão intactos e encontram-se harmoniosamente em número par, pelo que a desconfiança de que um deles poderá ter sido roubado para venda é falsa.
Doente não apresenta sinais de fadiga, porque está deitado e como tal ninguém se cansa naquela posição, a não ser, claro que esteja a meio de um acto sexual a solo, a dois ou mais!
"

Vilar de Mouros - Oneliners - Dia 1

Vilar de Mouros - Sepultura Sepultura - Cumpriram as palavras de ordem que pregaram. "Under a pale gray sky we shall arise". Uma banda que já teve melhores dias, mas que ainda conseguem colocar o maralhal aos pontapés. Descargas de adrenalina. Um concerto potente com destaque para um baterista de classe Premium. Confesso que há uns 10/12 anos era fã destes senhores, mas ainda me conseguiram tirar um ou outro sorriso, em nome da nostalgia. Gostei do concerto e quase que tive vontade de dançar uma modinha pelos bons velhos tempos, mas infelizmente, o meu cérebro já não aguenta tanta barulheira.

Vilar de Mouros 2 - HIM HIM - Um puto que um dia pensou que queria ser o Nick Cave Junior lá porque tinha a voz de quem acabou de acordar (vulgo Pedro Abrunhosa) não pode nunca ser grande coisa. Os HIM são um grupo monótono e de "3 acordes" que tentam disfarçar com uns pianos e umas teclas. Num CD ainda se ouvem 3 músicas, mas ao vivo é tal a desafinação do verborreico Valo que se compreende porque é que muita gente seja obrigada a tomar drogas para aguentar o concerto. Foi um set de músicas iguais em que a única diferença era o sítio onde o vocalista desafinava ou os músicos se enganavam. Na zona frontal do palco encontrava-se um imenso manto preto de teenagers armadas em góticas aos gritinhos de quem vê os Anjos. Eu não vi até ao fim, até porque tinha mais que fazer. Aproveitei para rever a Idade do Gelo na zona de cinema.

Guano Apes - Mais uma vez esta praga alemã voltou para nos assombrar. São incontáveis as vezes que vi estes tipos. A cada festival que vou encontro sempre estes ou os Xutos. Carago! Com idade para terem juízo e arranjarem um emprego a sério, estes Guano Apes continuam armados em putos reguilas. Em 94 ainda tinha paciência para ouvir uma ou outro música, hoje em dia aquilo soa-me a uma poça de água estagnada. Não recomendável a maiores de 16 anos. Ahhh, a vocalista continua a ser uma lástima ao vivo.

terça-feira, julho 22, 2003

Apagão

All systems down!

sexta-feira, julho 18, 2003

Vilar de Mouros

Vou para lá, enfrentar um cartaz de merda... Mas estas coisas são mesmo assim! É a dor que impulsiona a arte!

Pensamento do dia

(...)
fitter, healthier and more productive
a pig
in a cage
on antibiotics

(...)

Quem não sabe o que é isto, não é boa gente!

Os benefícios do vazio digital

Ontem à noite não tinha TV Cabo nem Internet. Falhou por volta das 10 horas devido a problemas técnicos. Fui dormir. Acordei fresco pela primeira vez em anos! Um exercício de abstinência (forçada) que recomendo que se faça ocasionalmente. Liberta a mente e reduz a obsessão...

Iconoclastia matinal

Não existe nada de mais ridículo no mundo como as simbologias de cores e alusões a vegetais dos discursos políticos, sejam por protagonistas da cena política, seja por comentadores. Claro que no mundo futebolístico também se fala nisso, mas esses têm desculpa, são apenas vítimas.

quinta-feira, julho 17, 2003

O monstro de Blog Ness

Por trás de uma espessa coluna de poluição mora um monstro. Uma terrível criatura épica de poderes inimagináveis. Feio e grande. No entanto, este monstro dorme, até porque já nem tem paciência para aturar estas terríveis criaturas minúsculas de duas patas que não páram de o importunar. Criaturas mesquinhas que, apesar do medo, teimam em espicaçar o monstro com as suas ridículas lanças. Este monstro dorme porque, sinceramente, nem quer saber. Porque não é necessário acabar com estas pestes que infectam o planeta. A seu tempo, eles próprios tratarão de se auto-aniquilar e o monstro já pode acordar para finalmente apanhar um pouco de ar fresco!

quarta-feira, julho 16, 2003

Telenovelas

"É por esta porta que deveria sair Carlos Cruz se o recurso tivesse sido aceite" - Dizia uma estagiária de jornalismo presentemente a ser escravizada num canal de TV nacional.

Alguém me explica que merda é esta? Jornalismo? Nah... Já vi mais qualidade jornalística em episódios no Star Trek dos anos 60.

Want
(...)
I want to know how it'll end.
I want to be sure of what it'll cost.
I want to strangle the stars for all they promised me.
I want you to call me on your drug phone.
I want to keep you alive so there is always the possibility of murder..
.. later.
(...)
I want to remember when my nightmares were clearer.
(...)
I want you to know the wounds are self-inflicted.
I want a controlling interest.
I want to be somewhere beautiful when I die.
I want to be your secret hater.
I want to stop destroying you but I can't.
(...)
Nicole Blackman - Liquid (Recoil) 2000

Uma vez escrevi um post

...powered by Blogger!

terça-feira, julho 15, 2003

Simbologia Parmalat

O Homem é um animal profundamente ligado à simbologia. Nada de novo. Desde as cores às palavras com duplo significado (essas, as obscuras) o Homem leva uma vida inteira num misto de galhofa pueril com nervoso miudinho, fruto do medo de mal entendidos. A história que vou contar é verídica e, como tal, deve ser interpretada como um problema social, mesmo que inicialmente possa gerar um ou outro sorriso. Os pormenores podem não estar inteiramente correctos, até porque eu nem gosto de futebol e não memorizo essa trivia de Café Central. Se estiver enganado nos factos, peço a algum dedicado leitor que me corrija. Ora aqui vai:

Há uns anos atrás o Benfica era patrocinado pela Parmalat. Um dia, uma adorável dona de casa foi às compras. Comprou as coisas essenciais para a sua família. O marido, sentado no sofá, lá malhava super-bocks como se não houvesse amanhã. A senhora verificou as sua lista mental e deu por terminado o processo. Pagou e saiu, levando consigo largos quilos de mercearia. Percorreu as várias centenas de metros que separavam a sua casa da loja. Chegou a casa e colocou as coisas em cima da mesa. Começou a arrumar os itens nos seus respectivos lugares. Intervalo do jogo de futebol. O marido levanta-se do sofá e dirige-se ao frigorífico para mais uma cerveja. Entra na cozinha. Abre o frigorífico.
- Trouxeste cerveja? Já há poucas!
- Sim. Trouxe as que pude.
- Não faz mal, dá para hoje. Amanhã eu...
Fica silencioso a olhar para a mesa da cozinha e com um olhar enfurecido diz:
- Que merda é esta? Que porcaria é esta?...
- Hummm... Bem... É leite!
- Leite? Esta merda? Sabes o que é isto?
- É leite...
- Parmalat.... Esta merda é Parmalat!

O marido irado, pegou em todo o leite que a esposa trouxe e atirou tudo pela janela. Se lhe bateu ou não, não posso confirmar! O marido sportinguista sentiu-se profundamente ofendido,

A moral desta história está embutida no seu próprio conteúdo.

Mais um manifesto do louco

"Nos campos verdes da Alsácia também há injustiças. Sinto muito!..."

O louco na praça

"Infelizmente, nunca nos poderemos tocar enquanto estivermos todos embrulhados em papel de celofane!"

segunda-feira, julho 14, 2003

Eu, Tamagoshi!

2003: Aqui estou eu, sentado. No meu sofá monolugar cinzento olho os cortinados. Cinzentos. O pó que habita os meus móveis cinzentos é quase negro. Um negro pálido. A sala pequena é um indutor de claustrofobia, clinicamente testado. Lá fora o céu cinzento teima em me alegrar. Só a mim. As multidões passam rapidamente deixando negros traços desfocados. Não consigo ajustar o obturador dos meus olhos a este rápida realidade cinzenta e a minha retina insiste em me apresentar apenas formas oblongas acinzentadas.
A minha TV a preto e branco mostra-me uma figura desfocada. Rápida a gesticular. Hipnótica. Uma conferência de imprensa. Desde que o imposto sobre a realidade foi criado, já nada brilha, já nada reluz, as cores morreram. Finalmente, um ano depois uma novidade. O azul. Uma nova medida apresentada por um senhor cinzento sem sobrancelhas que aponta para uma projecção na parede cinzenta. Apresenta o azul e diz que brevemente vamos retomar o verde e o vermelho. Se as coisas correrem bem, o senhor diz-me (só a mim, que eu sei!) que a retoma está para breve. Mesmo que para isso tenhamos uma realidade sem som definido, mono, 8 bits. Até passar a recessão.

Na rua um turbilhão de carros, enfeitados com bandeiras cinzentas e azuis, apita ruidosamente com um som fanhoso, como que passado por um telefone nos anos 70. A alegria monocolorida (+ azul) deixa a populaça em êxtase. Vendem-se cachecóis azuis, chapéus azuis, camisolas azuis, enfim, uma nova semi-realidade.

Junta-se uma força de agentes da autoridade. Controlo. Os olhos de falcão observam cada passo do povo. Internamente choram, estes agentes. Apressado e assustado, pego no meu cubo de Rubik que comprei no mercado negro e atiro-o para o lixo. Pego no isqueiro e queimo-o furiosamente.

Em breve será retornado tudo aquilo a que temos direito e que nos foi cortado artificialmente. Em breve vou poder ver a relva e os frutos coloridos. Em breve vou poder distinguir os diferentes sons de crianças e saber de que direcção aparecem. Daqui a dois anos, talvez!

sábado, julho 12, 2003

Fast food

1) Acordar. Banho. Barba. Café. Carro. Trabalho. Café. Carro. Almoço. Carro. Café. Trabalho. Café. Carro. Trabalho. Jantar. Trabalho. Dormir.

Passatempo: Com a lista que foi fornecida na alinea 1) insiria:
- Bloguismo
- 20 cigarros
- 243 pensamentos impróprios
- 4 mijas

"Tenho o quarto cheio de elefantes"

São estas frases que me fazem adorar os meus amigos estranhos. Nunca achei piada a pessoas cujo grau de normalidade é...err... normal demais.

quinta-feira, julho 10, 2003

Problemas técnicos

Peço desculpa publicamente às pessoas que por aqui passam, vindas da listagem do blo.gs, mas não estou a colocar posts a cada 5 minutos. A causa dos constantes updates são problemas técnicos! O blog continuará dentro de momentos com a falta de qualidade a que já estão habituados. Se esta é o primeiro post que leu no Castor, aviso-o já que também não tem perdido grande coisa.

A administração

Provas de amor irrefutáveis

- Continuas a amar-me se te disser que não mudo de meias há três dias?
- Hummm.... Sim, acho que sim!

quarta-feira, julho 09, 2003

Turismo amador - a adolescência

- Este rio secou? - Perguntou a Célia ao olhar para as pedras com musgo seco. - E as lavadeiras agora vão para onde?
- Era um postal, Célia!
- Ai sim? Antigo?
- Bastante!
- Então mas que raio estamos a fazer aqui? Não há mais nada para ver?
- Sei lá! Tens alguma ideia?
- Não...

De mãos entrelaçadas e olhar meloso, deitaram-se na areia quente a contemplar a velha ponte. Os carros passavam e abanavam as placas de metal cobertas de betão. O barulho era rítmico mas não hipnótico. O sol de final de tarde desenhava nas pedras uma sombra maravilhosa. Um misto de geometria Eiffel com a beleza da corrosão natural de um vale nortenho. Uma configuração mutante e deslizante que em breve será projectada no infinito, sem base física que possa distorcer a sua geometria.

- Que porcaria, sujo-me toda aqui!
- Também já tenho formigas nas pernas. Queres ir embora, é?
- Ok...

Um milagre de fibra óptica

Veio apaziguar o mundo tornando possível que todas os rancores se pudessem encontrar. Um mundo de ressentimento "push button"! Vão procurar no Nostradamus e encontrarão algures "A besta espreita a Terra no dia em que cada um tiver um pombo. No dia em que o rei faça vénias ao ferreiro."

terça-feira, julho 08, 2003

O Homem da segurança rodoviária

Sabem a história daquele tipo que tinha a mais rígida conduta rodoviária e estratégias de salvamento para o caso de acidente. Que pregava como um louco o cuidado a ter quando vamos ao volante? Instituir na sociedade a ideia que altas velocidades e drogas duras eram as piores tragédias? Que até fez uma manifestação em frente ao Autódromo do Estoril e tentou processar a Ferrari por influenciar subliminarmente as crianças? Assinou uma petição para proibir alcool a menores de 21 anos ou com carta de condução há menos de 6 meses? O homem que comprou um automovel alemão com protecção extra, a pedido?
Sabem?!?... Morreu afogado...

segunda-feira, julho 07, 2003

A vista do meu bloc[g]o

Nesta minha janela virada para uma parede, sobre um beco exíguo, contemplo a qualidade de construção do outro edificio. Se colocar o pescoço um pouco além, vejo todas as outras janelas dos edifícios que têm como vista este beco. Todas elas viradas para a parede. Que estranha fisionomia esta. De algumas janelas saem gritos contidos, de outras saem braços, de outras cabeças curiosas... De algumas saem pedidos de ajuda e noutras não mora ninguém, apesar de estarem lá pessoas dentro. Se esticar o braço consigo tocar na parede, mas não consigo alcançar nenhuma janela. São quartos usados de passagem onde apenas algumas pessoas habitam permanentemente. É frequente assistir a brigas entre vizinhos.

Lá em cima, alguns loucos declamam poesia para a parede, ali ao lado uma miúda sacode os lençois. Existe algures ali em baixo um exibicionista que se coloca todo nu sentado na janela. A essa hora são imensas as cabeças que tecem comentários jocosos. A semana passada houve um suicídio.

O cinzento impera, apesar do sol. Nunca um raio de luz aqui acertou e os fotões que cá aparecem chegam sempre por ricochete.

Momento gratuito

IC1, Quilómetro 354, 20:00 horas e 20º. O rádio sintonizado numa qualquer estação que deliberadamente coloca reverb em toda a emissão. Uma banda de rock estupidamente efémera grita "save me, save me!". Retalhos de sons que abafam o motor, sendo essa apenas a sua função, abafar o som do motor e do rolar das rodas no alcatrão imperfeito. Uma família havia estacionado debaixo de uma sombra e a manta colorida fazia fronteira com a relva seca e os insectos. A menos de 100 metros uma fábrica debita milhões de metros cúbicos / dia de um produto gasoso cujo nome apenas uma pequena elite química sabe pronunciar. Em cima das fatias de pão aparecem as primeiras formigas. Batedores. Analisam o local. Farejam e os cheiros cancerígenos afastam o exército de formicídeos.

IC1, Quilómetro 350. A banda debita um último "save me". Entretanto as formigas descem ao buraco e iniciam mais um ciclo de zumbidos imperceptivel ao ouvido humano. Sinais protocolares que existem desde o início dos tempos e indiferente ao espaço ou tempo.

quinta-feira, julho 03, 2003

Escritos do livro de São Tédio

Tivesse Moisés passado por Portugal no final do séc. XX e eu aí já compreendia a existência da TVI. Quais gafanhotos ou peste? Este Moisés multimédia foi bem mais sofisticado. A SIC, essa, foi obra de algo mais diabólico. Foi fruto de um irónico génio da garrafinha com um sentido de humor assaz perverso. Um desejo envenenado.

O Poeta Technicolor

Desce o poeta ao rio. Vem à foz neste solstício final. Caminhando na margem encontra uma árvore de fruto de fresco aspecto. Pousa delicadamente o cajado, limpa o suor da cara e senta-se junto ao caule. Vai abrindo os olhos. O excesso de luminosidade quase cega de início mas o poeta força a sua absorção. Deixa penetrar o excesso de cores e finalmente nota que a paleta se completou. "Tantas cores, nunca pensei!", pensou. "Realmente 32 bits não são cor real!". "Nem com correcção gama nem com sofisticados overlay". Não havia pixeis e finalmente o poeta se apercebeu que um pixel afinal não é um mito. Existe!

O som enibriante surgia de todas as direcções como um suave molho apimentado de frutas. Era global, total e omnipresente. Os espaço tinha novas coordenadas e o infinito é fractal.

O poeta finalmente compreendeu o que sempre temera: a palavra é acessório. A palavra é um reles substituto de sensações e sentidos. A palavra é um simulacro. A palavra é um technicolor de um filme sem imagens. É composta e complexa. Estruturalmente artificial. Um lamento de tempos idos. Uma recusa de enfrentar o facto de que já nada há. Que é a fase de "educar novas gerações que nunca viram TV a preto e branco ou nunca ouviram os deliciosos riscos do vinil".

O poeta deita fora o seu pão quase bolorento e duro como pedra. O poeta atira a sua coca-cola ao rio. Volta para trás... Outra vez...

quarta-feira, julho 02, 2003

O bloqueio de bloguista apanhou-me!

É bem verdade! Por vezes temos coisas giras para dizer, histórias banais com um ou outro contorno que as tornam únicas, umas notícias para comentar, enfim, coisas... Mas um contador de histórias costuma ser aquela pessoa única que vive numa aldeia (em tipos idos, claro!) que reúne um conjunto de assíduos ouvintes e depois desfolha inúmeras desventuras que retira do seu imenso reportório. No caso do fenómeno que agora assola Portugal, um bloguista (o contador de histórias) é confrontado com um público constituido apenas de contadores de histórias. Ora, sabe-se bem que neste caso, quem ouve não diz "Ahh, ohh, fantástico, a sério?, uau, etc", mas pelo contrário, procura uma fraqueza no discurso para interpor um "eu sei mais e melhor" disfarçado de "pois, mas isso não é bem assim!".
Com uma imensa (diria mesmo infinita) fonte de inspiração, os bloguistas batalham sempre no mesmo campo e com o mesmo inimigo. Gerar feedback é o intuito destes contadores de histórias. As histórias continuam as mesmas. Se antes era giro pela novidade, hoje acaba por ser terrivelmente entediante ler milhões de pontos de vista que suplicam por sangue.
Por esta razão me deu hoje uma branca. Não vou escrever coisas de bloguistas!

terça-feira, julho 01, 2003

in Flor de Obsessão:

"ADENDA AO GATO FEDORENTO: Sim, amigos, Miguel Ângelo deve-nos uma overdose há mais de dez anos. Nunca cumpriu e receio que agora já seja tarde. Em todo o caso, não devemos desesperar: Olavo Bilac, esse, ainda vai a tempo de uma boa crise barbitúrica. "

Uff... Pensava que era o único a ter pensamentos destes!... E digo mais: "Olavo, seja quando for, já vem atrasado"


### Post apagado pelo Departamento de Censuras a Blogs dos Serviços Secretos Nacionais (DCBSSN)! ###

Auto da fé e do suspiro

[Narrador]
Andam aí uns blogues que são do tipo "ando-aqui-a-arrumar-a-casa-e-já-começo-a-escrever"! É uma prosa do género, "Agora meti os comentários, foi fácil", "Alguém sabe como se contam as visitas", "OK, vou tentar", "não deu e agora?", "Ahh, já deu!", "não tenho visitas", "vou começar agora a escrever coisas interessantes e depois é que vai ser", "vou começar", "espera, tenho fome! vou comer qualquer coisa", "ok, agora já posso, só tenho que arrumar a cozinha primeiro", "olha, tinha carne a descongelar e estraga-se... vou fazer o almoço de amanhã", "ok, começar a escrever coisas a sério", "Publico, Publico... Nada de especial online... vou ter que comprar o jornal para ver se topo alguma notícia que ainda ninguém reparou", "aproveito e bebo café", "que ricos brioches, vou levar 3", "ai se a vida fosse tão boa como brioches, os golfinhos a morrer e os homens na guerra", "peles não e maquilhagens só daqueles que não torturam macaquinhos", "foi uma rica tarde ao sol", "vi o Rui e talvez me apaixone, espero", "bem, agora é que vai ser escrever", "oh, desapareceram os acentos do blogger", "pacheco pereira disse coisas giras que eu não compreendo muito bem", "tenho fome", [...]

[entretanto]
E a vida continua. Lá fora faz sol e putos com o cabelo cheio de gel aos bicos usurpam as nossas cadeiras preferidas na esplanada... A fazer alguma coisa com a vida deles!...


[2º acto]
- "Mãe, bati o record de visitas! Tenho lá o meu nome, na máquina... Tenho que ir treinar mais, mãe."
muda espaço e tempo
- "Onde está o teu filho?
-"Não sei, lá em cima, no quarto! Mal chegou do hospital, telefonou para a secretária a cancelar e foi para o computador"
-"Jogar?"
-"Não, escrever coisas"
-"Como assim, um livro?"
-"Não, não compreendo... Podemos mudar de assunto?"
-"Mas isso é bom para ele... Educa-se e pode vir a apanhar jeito... Se calhar é um dom que...."
-"Ele tem 43 anos!"
-"Ah..."
[...]