Há que documentar o vazio. Agora também em mármore!
dubois@aeiou.pt

terça-feira, setembro 30, 2003

Apagão

Apagão
foto por Pedro (Creative Commons License) - 2002

Foto Castor

Vou começar a colocar por aqui umas fotos, sempre originais minhas. Todas as que não estejam nestas condições serão colocadas com a permissão do autor e sempre devidamente identificadas. Ok? Podem voltar a dormir agora.

segunda-feira, setembro 29, 2003

Foto-Reportagem Expresso

Rolling Stones
foto por Ametista (Creative Commons License) - 2003

Nota: A Ametista passou o controlo apertado e conseguiu entrar com máquina. Consta que algumas pessoas tiveram que assistir ao concerto de pé, tal foi a violência dos toques rectais. Os direitos de autor são lixados. E depois não querem que o pessoal pirateie como se não houvesse amanhã...

domingo, setembro 28, 2003

Escritos perdidos de Maomé

O amor é uma montanha voadora.

Underground

Underground
foto por Pedro (Creative Commons License)

sábado, setembro 27, 2003

O acordeonista taciturno

O acordeonista
foto por Pedro (Creative Commons License)


Insanidade

Apenas dois tipos de pessoas sabem tratar a loucura de uma maneira lucrativa, os psiquiatras e os empresários artísticos.

sexta-feira, setembro 26, 2003

System halt

Your brain needs the correct language pack for your regional settings!

quinta-feira, setembro 25, 2003

Fundamentalismo religioso
Verdades absolutas ou hipnotismo?

Tive uma educação católica com catequese e tudo. Na altura foram-me ditas coisas que eu tomei por verdade e que temi durante anos. Coisas que horrorizavam as crianças para as tornar ordeiras e servis. Não resultou. Provavelmente teve o efeito inverso. Vou aqui publicar no castor algumas dessas barbaridades...

- Era pequeno e na missa não conseguia tocar com os pés no chão quando estava sentado. Assim, balançava as pernas para me ir entretendo naqueles momentos de tédio absoluto. Uma senhora devota que tinha um contrato de exclusividade com a fé disse-me então um dia:"Se abanares as perninhas na missa, Nosso Senhor corta-te ambas as pernas acima do joelho". Eu, criança, menos de 6 anos, nunca contei a isto ninguém e na missa, durante uns tempos, tinha pavor de me mexer e mesmo quando num movimento involuntário as minhas pernas se mexiam ligeiramente, andava em pânico durante alguns dias. Chegava a acordar e verificar se ainda as tinha.

- Um coveiro disse-me que se tocasse nas plantas do cemitério, morria no dia seguinte. Aí perguntei a um familiar que se dispôs a tratar do assunto pessoalmente com o senhor.

- Apanhei umas chapadas por arrancar umas folhas de uma sebe junto à igreja. Perante a ameaça de tribunal, a senhora pediu-me desculpas.

- Uma catequista disse-me que beijar (na boca ou em qualquer lado) era pecado mortal. Havia uma excepção: os pais. A catequista era virgem e tinha quase 60 anos. Só na puberdade percebi esta frustação da senhora.

- Fui expulso de uma associação religiosa por usar uma t-shirt "obscena". Quando fui apresentado ao prior para ser apresentada queixa formal da minha leviandade, fui barbaramente repreendido por fazer questões. Devia ter-me calado, baixado a cabeça e acatado.

- Os protestantes, testemunhas de Jeová e outras credos eram-me descritos como monstros sanguinários e que mereciam todo o meu desprezo por se terem afastado para o caminho do demónio. Havia uma família minha vizinha que era completamente ignorada por toda a comunidade por ser protestante. Havia pessoas que rezavam para que o inferno para onde iriam ser enviados não fosse muito mais quente que os 300º C normais para pequenos delitos. Mais tarde convivi com eles e percebi o errado da questão. Pessoas exemplares, de sólidos principios morais, justos e tolerantes. Não comecei a arder quando, por curiosidade, visitei a sua igreja.

...e podia continuar, mas acho que a título de exemplo e testemunho pessoal serve.

quarta-feira, setembro 24, 2003

Pós-humanidade: "Planos para o futuro"?

Agora com a inevitabilidade de sermos todos robots, só me resta fazer mais uma pergunta: "Vais-te ficar por um mero andróide ou aspiras a cyborg?"

Génese necromancer

Ela: E o que é que ele disse mais além dessa parte do jardim?
Ele: Disse que era a partir de agora nossa responsabilidade... Percebes?
Ela: Pois...
Ele: Mesmo assim sinto um vazio, sabes?
Ela: É! Não parece natural. Não aparece ninguém...
Ele: Não sei. Se calhar podiamos...
Ela: OLHA!... MAÇÃS!!!...

terça-feira, setembro 23, 2003

O homem que tinha duas sombras

Havia nos longínquos tempos do império romano um homem que tinha duas sombras. Uma sombra que apontava sempre o norte magnético e outra que apontava o lado oposto do sol. Era um homem de bom coração, ex-escravo que tinha ganho a liberdade salvando um dia a vida do seu amo. Sempre a escuridão, este homem tinha um medo terrível de ser enviado aos leões pela sua singular característica. Um dia, num ataque incontrolável de sede saiu à rua. O seu filho não voltara desde a última saída, faziam 2 dias. Ao entrar na praça principal, um centurião reparou que este homem era diferente. Foi levado à presença de um departamento científico (ou o similar da altura) para análise. Um estudante de medicina disse que era obra de deuses negros, pelo que foi de imediato condenado a prisão perpétua. Nas masmorras conheceu um contador de histórias e músico que lhe falou das suas aventuras além mar onde os homens eram diferentes e numa ilha longínqua onde homens sem cabeça tinham o rosto no peito. Mediriam entre 1.10m e 1.40m. O homem das duas sombras adormecia todas as noites embalado pelas suas lágrimas. Ali não tinha sombra nem luz. Era um comum homem sem sombra.

Certo dia, enviado por Gaius Cesar, entra uma delegação de 3 homens no sua catacumba. Pedem que o soltem. Trazem mais dois prisioneiros para o seu lugar. O carcereiro, mediante o problema de sobre-lotação da pequena célula manda o músico para os leões. O homem com duas sombras vai com uma delegação para o palácio científico onde o espera um banquete romano. No fim do jantar entram algumas rapazinhos novos que são colocados em parada para os romanos escolherem. O homem das duas sombras não quer nenhum e fica ali apenas a ver o espectáculo carnal.

No dia seguinte foi levado numa expedição a África para ser usado como bússola. Depois de 6 meses de expedição conhece uma jovem negra pela qual se apaixona. Os seus invulgares olhos azuis e a pele achocolatada não agradava aos romanos, pois era nitidamente filha bastarda de alguém de um povo bárbaro do norte. O homem com duas sombras viveu durante duas semanas com a sua amante negra. Viveu com intensidade a paixão e declamou elaborados poemas de amor que o seu amigo músico lhe tinha ensinado.

Um dia, ao se preparar para a viagem de volta, saiu à rua e só tinha uma sombra. Alarmados, os soldados romanos fizeram uma reunião onde se decidiu esperar 3 dias para ver se recuperava. A sombra que o homem tinha (a do sol) não iria servir para a viagem de volta. Ao fim de 3 dias, o homem que em tempos teve duas sombras, estava numa fabulosa praia mais a sua amada a contemplar o por-do-sol com os pés na água morna do mar. Um grupo de 8 soldados aproximou-se a parou a alguns metros. Um deles avançou e com um olhar frio e indiferente apunhalou no abdómen a sua jovem amante negra. Depois aproximou-se do homem que em tempos tivera duas sombras e fica parado. O homem olha para o chão para a sua amada morta. Aos seus pés junta-se o sangue da amada e espuma do mar. O soldado levanta o punhal e espeta-o no pescoço do homem que só tem agora uma sombra. Este cai junto da sua amada. Ficam ali os dois deitados, mortos. O mar leva o seu sangue. Os soldados ficaram a olhar. As sombras vão aumentando exponencialmente de tamanho com o sol que já vai baixo, prestes a desaparecer por entre as águas do Atlântico. Quando apenas resta um nada de sol, 3 sombras são projectadas dos amantes. Uma delas é maior e aponta o norte.

Auto-metabloguismo

Tenho a impressão que este template já viveu melhores dias...

segunda-feira, setembro 22, 2003






Fumar provoca miopia


domingo, setembro 21, 2003

O pesadelo secreto de Von Braun

Um prado perfeito, borboletas rosa, o barulho omnipresente de água de idílicas cataratas, o som dos passarinhos em época de acasalamento e uma ucraniana orfã com os olhos raiados de sangue munida apenas de um machado ensanguentado e um vestido curtinho manchado de lama.

sábado, setembro 20, 2003

Retro-mundo cruel

8:31, Quinta-feira. 9ºC
Depois de ter deixado a miúda na escola, correu apressadamente para a pastelaria em frente. Pediu o segundo café do dia enquanto fumava o sétimo cigarro em duas horas. Folheava violentamente o jornal enquanto deixava arrefecer o café. Chegou ao fim e parou. Olhou para o tecto e suspirou. Bebeu de forma nervosa o café, sem reparar numa pequena cinza que lhe caíra na violência do desfolhar. Voltou início do jornal, fazendo o percurso inverso. Respirava forte. Toca o telemóvel e dá um salto de susto. Solta um gritinho nervoso, quase imperceptível. Na mesa ao lado dois miúdos gazeteiros viraram-se tão rápido que nem tiveram tempo de limpar o bigode de cerveja. Cerrou os olhos...

9:34, Quarta-feira. 12ºC
- Então afinal onde estás? De vez em quando deixo de te ouvir.
- Não sei... Isto é aqui algures numa estradita perto de Celorico da Beira. Na estrada que vai dar a Rapa.
- Não conheço. É giro?
- Nem por isso. Tem uns declives assustadores. Olha, acerca da conversa de ontem...
- [silêncio]
- Agora a frio, continuas a pensar o mesmo de ontem? Isto para mim funciona de duas maneiras: sim ou não!
- Eu sei, mas não consigo...
- Olha, eu só queria que soubesses que... [barulho ensurdecedor]
- Luis? Luis...? Estás a ouvir-me?
- [barulho de motor e gritos]
- Luis?... O que se passa?
- [gritos ouvindo-se de longe que quase se confundem com o ruído de uma fraca captação de rede]
- Luis? Responde-me [choro e pânico]
- ajuda-me... estou preso... por favor... ajud...

O chamada cai. Ela, em pânico e com medo, fica imóvel. Estática com esta sensação inédita. Em choque. Paralisada. Nada faz. Decide voltar para casa e conviver com as lágrimas.

16:47, Terça-feira, 17ºC

- Afinal o que decidiste?
- Não posso Luis, o meu marido ama-me e tenho uma filha ainda criança, lembras-te? Não tenho coragem.
- Não podemos continuar assim...
- Pois eu sei. Mas eu prefiro continuar assim. A miúda não iria aguentar a separação dos pais.
- Olha, amanhã vou à Guarda, a casa de um amigo. Quando voltar quero tudo ou nada, percebes?
- Não fales assim... Não... Por favor, compreende-me.
- Compreende-me tu.

Porque eu não tenho nenhuma horta...

Sábado. Super-mercado. Não hiper, apenas super... Não sou muito ambicioso! Ao ler toda aquela imensa quantidade de descições rosa-choque de todos aqueles produtos, penso:"Fantástico como a raça humana conseguiu sobreviver até aos dias de hoje".

sexta-feira, setembro 19, 2003

Razão-emoção

Por vezes, muitas vezes, tudo aquilo que se diz, que se jura, que se escreve, todos os ideiais, tudo em que se acredita desaparece em menos de um segundo, vítima de um simples acto. E depois? Bem, depois... Isso é outra história, para outro dia. Talvez para outra noite.

quinta-feira, setembro 18, 2003

Irritações

Irritam-me as pessoas neste mundo "bloguístico" que se tratam por você. "Gosto muito do seu blog!"... "Obrigado pela sua referência". Existe aqui um universo paralelo, onde as pessoas não têm idade, estatuto social, raça ou religião e as pessoas insistem em manter barreiras. Existem apenas ideias, pensamentos e palavras. Parece que estão numa reunião de pais no infantário ou na garagem do administrador do condomínio a discutir a falta de quórum!

quarta-feira, setembro 17, 2003

Paradoxo de Babel

O que mais nos preocupa, é o facto de não estarmos na sequência de estratégia global. O mundo corre no sentido inverso da nossa realidade. Os cordeirinhos estão a ser guiados por um pastor carnívoro e os barcos orientados por um farol apagado. Eu não serei um pombo da paz que é recebido a tiro pelos destinatários da mensagem. Não serei o anjo da pureza menosprezado e queimado na fogueira pelos adoradores de bezerros de ouro. Uma overdose de realidade faz-nos dormentes em relação às nossas verdadeiras intenções. Fomos aqui colocados para quê? Não esperem por uma mensagem mística com instruções para saberem o que fazer em relação à vida, porque vi algumas pessoas nessa situação. Todos eles esperando serenamente a morte enquanto se batalhavam internamente com o facto de nunca lhes ter sido dito qual o sentido que deveriam dar à sua vida. A complacência dos seus actos lentos e a paz das suas palavras de esperança, esconde o horror da incerteza. "Terei feito bem abdicar dos prazeres da vida na esperança de ter um lugar eterno num espaço de paz celeste?". "Passei toda a minha vida percorrendo todas as esquinas do pecado, todos os labirintos do prazer. E se existe algo mais? Vou ter que pagar pela minha insolência?".
Como poderá a cegueira ser voluntária? Porque é que admitimos ser guiados pela demência?

Se fossemos um rebanho de ovelhas, amaríamos o nosso pastor e queríamos segui-lo para onde quer que ele se fosse. Faríamos tudo para estar perto dele e lutaríamos entre nós para ver quem ficava no topo do rebanho para o seguir mais de perto. Entregaríamos de bom grado os nossos filhos ao pastor para ele os alimentar. Até ao dia que, sozinhos e sem hipótese de voltar para trás e contar a verdade, seríamos massacrados por esse mesmo pastor para uma orgia carnívora. No momento em que as feições do pastor mudassem de uma pureza e bondade, para uma crueldade sádica, então aí, e só aí, compreenderíamos todo a nossa existência e toda a razão do nosso ser.

O Zero Absoluto

Um sofá velho, rasgado de tanto gasto nos cantos e queimado de cigarros em vários sítios. Uma divisão que é uma casa ou uma casa que é uma divisão. Uma janela tapada com plásticos pretos estampados com a marca de um herbicida. Um fogão sujo e velho. De dois bicos. Uma mesa que o suporta forrada com plásticos floreados. Uma ambiência difusa. O chão de terra batida, tão batida que parece pavimento. Uma porta feita com tábuas da construção civil, identificadas com as iniciais de um empreiteiro. Uma lata de leite em pó. Ferrugenta. Multi-usos. Uma criança e uma mãe. Sentados no sofá. Uma lâmpada pregada no tecto, que é uma chapa de zinco. Gasta. Um operador de câmara e uma jornalista. Um cheiro a perfume intenso (francês) que invade os odores bolorentos. Uma luz forte que se acende, vinda da camara. Um microfone em riste. Um ajeitar de cabelo. Um "ok". Um silêncio de 3 segundos. Duas perguntas:

- O que vai fazer perante a ameaça de demolição feita pela autarquia?
- Não gostas de chocolates como os outros meninos?

Zero respostas. Uma lágrima.

Silêncio.

Aviso

Se o gajo que faz a manutenção da maquina de café daqui estiver a ler este blog, é só para avisar que já são 11:10 e eu ainda estou a seco. Aquela porcaria continua com um erro em espanhol e eu já nem sei o que fazer para não estrangular ninguém. Obrigado.

terça-feira, setembro 16, 2003

O medo

Depois de ter sido perseguido durante 3 meses por um holograma de Pol Pot, decidiu começar a usar lentes de contacto.

segunda-feira, setembro 15, 2003

Pensamentos matinais

- Estás a pensar em quê?
- Em nada.
- Em nada?
- Sim, em nada.
- Ninguém pensa em nada.
- Olha, eu penso.
- Como é que se pensa em nada?
- Não pensando.
- ...
- ...
- E agora? Estás a pensar em quê?
- Foda-se, qual é o teu problema?!

domingo, setembro 14, 2003

A hora zero

Latitude:40N12, Longitude:8W25
Primeira classe. Era o que lhe tinha aconselhado o seu secretário à saída do escritório. Ar condicionado, canal de TV dedicado apenas a comboios e alguns jornais do dia. A viagem era curta. "300 Km fazem-se mais rápido do que o tempo do check-in e a espera das malas", disseram. Aproveitara para desfolhar o jornal de cima, de uma pilha enorme de publicações. Azar o seu. Política, o assunto que menos lhe interessava nesse momento. Como toda a mãe de crianças jovens, detestava aquela crise de que falava agora constantemente na comunicação social. Pousou o jornal e olhou pela janela. Adorava pontes altas, principalmente esta, onde podia ver o rio a bailar por entre as montanhas. O vale da sua infância. De repente, ao longe, um clarão de proporções gigantescas ilumina o céu de final de tarde. Quase a cegava. Vinha de longe e tocava o céu. Aos poucos apercebeu-se que estava a aumentar, como uma esfera de luz que está a libertar-se do planeta. O som? Não o ouve. Aproxima-se de si como uma imagem que atravessa um vidro tosco, imperfeito. À sua frente uma fina camada de fogo azulado e transparente. Uma grande quantidade de pessoas já havia reparado naquela enorme massa de combustão na sua direcção. Entre o pânico e os gritos de horror pensou na sua filha. Aquela que não mais iria ver. Suspirou, fechou os olhos e o seu queixo tremeu. Disse em voz alta e trémula: "amo-te, princesa". Não teve tempo de chorar. Sentiu na ultima fracção de segundo a onda de choque. O comboio não tinha viajado mais de dois metros acima dos carris e já estava desintegrado, transformado na matéria primordial do universo. Uma amalgama de nada.

sexta-feira, setembro 12, 2003

E se...?

...os Estados Unidos em vez de terem optado por uma política belicista e imperial tivessem feito uma divulgação intensiva o obsessiva de Polka pelo mundo para combater o terrorismo? Obrigando o mundo a dançar polka usando o estilo "Chicago honky " e boicotando todos os outros tipos de dança? E se obrigassem à naturalização americana dos melhores dançarinos de Polka do mundo? E se a CIA andasse aí a partir pernas aos melhores dançarinos Polka que não alinhassem na tentativa de obtenção do domínio polka no mundo? Como iriam ser os blogs portugueses que apoiam incondicionalmente essas estratégias (o chamado "lamber o cu")? Eu acho que iria ser assim:"acho que eles têm direito a ser isto porque simplesmente são os melhores a dançar polka" ou "As raízes socio-culturais do polka são polacas, mas foram esses mesmos polacos que primeiro colonizaram os USA". O primeiro ministro teria feito excepções no corte do orçamento para escolas de polka e o Paulo Portas teria feito um negócio para importar chinelas de dançar polka a uma empresa americana, apesar de os alemães terem apresentado uma proposta de chinelas mais baratas e de melhor qualidade... Já para não falar em Israel que teria os dançarinos de polka mais bem vestidos, feitos com os melhores tecidos fabricados com mão de obra barata palestiniana. E no fim do mês, em vez de lhes pagar, enchiam os pobres de porrada.

Eu há uns meses prometi que nunca mais me metia nestas conversas ridículas e pueris de bloguistas políticos. Mas não resisto a esta e prometo que vou cumprir até me dar novamente a vontade. E há que descer ao nível destas discussões ridículas para uma pessoa se poder expressar de uma maneira compreensível.

O sufoco [1]

Olá, eu sou o Gaspar!
Tenho 21 anos e sou guitarrista dos Subtil Noise Extreme (S.N.E.). Somos um grupo punk e lutamos pela anarquia. Não votamos em ninguém e não acreditamos em Deus. Ontem comi carne pela primeira vez em 3 anos.

Olá, eu sou a Joana.
Tenho 22 anos e sou estudante universitária de Ciências de Comunicação e Jornalismo. Gostaria muito de seguir uma carreira na área das relações públicas. Estou neste momento envolvida em vários projectos na associação de estudantes da minha faculdade, da qual sou representante para os problemas de acção social. Falta-me um ano para acabar o curso e já me falta o ar nesta cidade. Não aguento mais isto. Devia ter ido estudar para uma cidade diferente, pois passei aqui toda a vida e sinto que perdi muita coisa.

Olá, eu sou o Rafael.
Tenho 18 anos e não sou normal.
Passei toda a minha vida na sombra da minha querida irmã e nunca me foi dado o devido crédito. Durante todo o meu percurso escolar, vi passar ao meu lado todo o futuro como uma criança super dotada. Acredito que o sou e amaldiço-o todos aquelas que se recusam a dar-me esse mérito. A minha mãe morreu há uma ano e meio.
Defendo a repopulação de espécies extintas, com as devidas modificações genéticas adaptativas. Defendo o fim da paternidade e maternidade e o início da génese de vida por criação sintética. Defendo o fim das ideologias místicas. Defendo a readaptação das hierarquias mundiais por testes de QI. Defendo a planificação de um calendário bienal para as actividades mundiais. Defendo a reprogramação como alternativa a prisão. Enfim, poderão achar que sou louco, mas a realidade é que provavelmente não compreendem a grandeza do meu pensamento. A tendência para menosprezar e ridicularizar as grandes mentes sempre foi uma característica da nossa sociedade mesquinha e conservadora, agarrada a uma tradição estática, sem visão para saltos evolutivos eficazes.

Olá, sou a Soraia.
Tenho 33 anos e sou prostituta. Sou ex-toxicodependente e seropositiva.
Estou neste momento a fumar o meu último cigarro numa pastelaria algures perto do local onde costumo trabalhar à noite. Fiz esta promessa esta semana e tenciono mantê-la. Porra, se consegui deixar a heroína há dois anos atrás, porque não conseguirei deixar o tabaco?

quinta-feira, setembro 11, 2003

Disclaimers

Hoje em dia existe uma ética de disclaimers pela qual se regem bastantes meios de comunicação social. Seja uma reportagem em que diz que pode ferir susceptibilidades, seja um site porno em que se avisa o conteúdo no início (dando a hipótese de recuar), os bares, onde se apresenta o consumo mínimo obrigatório ou mesmo os maços de tabaco com a sua crescente polémica. O que eu propunha era o seguinte: porque é que não se aplica o mesmo princípio a pessoas. Ou seja, antes de uma conversa, haver o disclaimer onde a pessoa diz, por exemplo, isto:

"Aquilo que lhe vou dizer a seguir vai demorar aproximadamente duas horas, durante as quais não lhe vou dar oportunidade de falar nem sequer de dar a sua opinião em mais de 3 palavras. Vou fazer um monólogo acerca daquilo que EU penso e vou-lhe impor o meu ponto de vista que deverá achar ser genial. Deverá rir-se ocasionalmente para me estimular o ego e como esta sala só tem uma porta de saída, onde estou neste momento, não tem a possibilidade de se pisgar. Deverá ouvir e, sempre em silêncio, aprovar todas as minhas brilhantes e geniais conclusões, pelo que no final passará a considerar-me um deus da retórica. Bem, comecemos... eu eu eu eu eu eu, blá blá blá, eu eu eu, yap yap yap, eu eu eu eu (eu)..."

Já agora, também se podia aplicar a blogs!

O apogeu das fábricas de bandeiras

Faz hoje 2 anos que o albanês ali do bar da esquina (antigo jogador profissional de futebol) fez a maior caixa de sempre desde que abriu o café. Tudo graças a um ecran gigante e um grande stock de cerveja e tremoços. Foi uma tarde onde toda a gente se sentiu desculpado para lá ficar. Parecia que a CNN andava a distribuir justificações de faltas.

quarta-feira, setembro 10, 2003

Ecologistas inveterados

O pentágono anunciou que vai começar a produzir balas sem chumbo. Segundo palavras dos próprios "matam sem poluir o ambiente". Devemos todos dar as mãos neste momento de alegria e regozijo e agradecer em coro aos senhores por se interessarem pelo meio ambiente. A estratégia poderá mudar de ter seres humanos sem planeta, para ter planeta sem seres humanos. Este segunda opção parece-me mesmo a mais sóbria. Todos sabemos que isto é uma questão de tempo.

(...) De acordo com DiMichele(porta-voz do Exército dos EUA), o objectivo é criar munições que destruam pessoas mas que não sejam um atentado contra o meio ambiente. (...)

Talvez o próximo passo seja Napalm com cheiro a lavanda ou mesmo cadeiras electricas a energia solar.

terça-feira, setembro 09, 2003

Falso alarme

O último ponto da lista anterior (ou posterior) era falso. Infelizmente era o único problema que envolvia uma resolução grátis ou mesmo sem ser resolvido não iria fazer estragos...

PS: Peço desculpa por este interregno realista e racional. Os devaneios psicotrópicos e obsessivos (hummm, doce palavra!) voltam brevemente. A promessa de neurose acrescida fica desde já aqui feita.

Conspirações

Por vezes parece que todo o universo se reune para conspirar contra nós. Vou aqui postar a lista dos meus azares nos últimos 8 dias:

- Um disco rígido de 20GB com importante informação pessoal e profissional que me morreu.
- Uma fonte de alimentação que morreu. (incidente separado do anterior)
- O motor do vidro eléctrico do carro. (morto)
- O catalizador do carro. (gravemente ferido e a precisar de uma cirurgia caríssima)
- O monitor do meu PC. (morto e em processo de autópsia)
- Este pobre Castor que deixou de aparecer nas actualizações do blo.gs

Os serviços secretos fazem mesmo o trabalho de maneira discreta. Deve ter sido o Paulo Portas que me topou...

Ainda há alguma coisa em que acreditar? Existem ainda causas a defender que não envolvam dinheiro, poder ou sexo?

Bzoink

Tinha qualquer coisa para dizer, mas quando cheguei aqui esqueci-me. Apagou-se completamente. Bem, quando esta puta desta dor de cabeça se for, volto. No entanto já terá perdido a validade a ideia que iria aqui meter agora. Isto dos blogs é fantástico, porque quando não há assunto também se escreve. E não pensem que sou pioneiro nesta técnica...

segunda-feira, setembro 08, 2003

Respiração artificial!

Quando uma demanda é liderada por uma ofuscante bandeira que cega os adoradores e esconde atrás de si toda uma sequência ensurdecedora de carnificina e xenofobia selectiva em nome do bezerro dourado, então meus amigos, podem começar a rezar.

A Cúpula
O que fazem os nossos alimentos à porta fechada

Diz manteiga para o pudim:
- A identidade leitosa do universo verte pérolas de traição.
O pudim, indignado e algo rancoro, age violentamente, tentando atingir o ámago do seu sofrimente. Refusta com a ira falada:
- Talvez nunca possas avaliar o metafísico, mas nadando nas ondas da precaridade comum de lógica (i)real nunca poderás almejar a algo concreto.
Molhando a sua alma lânguida e fria, os cereais tentam impor a sua debilitada ordem. Desde o início do consumo que se perderam 70% e a sua capacidade de raciocínio estava letalmente abalada. Porém, encostando os braços cansados à parede, puxa um último volume de ar depois de fumar o seu cigarro de milho diz:
- Todos os luteranos idealistas podem facilmente encontrar a utopia no final anunciado. As escrituras e imagens geradas pelas nossas formas não podem de maneira nenhuma definir a linha do destino.
- Mentira!

Contesta um pobre grão de milho ressequido que se apoia no canto escuro na fase final e moribunda da doença mais temida pelos consumidos. Continua:
- As datas falam de maneira directa e os escritos dos antigos das embalagens de plástico penderam toda a lógica para o metafísico, perdendo a capacidade da visão a curta distância. Deixaram escapar por entre as brisas de loucura o obvio.
- O óbvio racional? Outra vez não!... As escrituras iluminam apenas a infindável vontade de fluir para o grande eterno.

Mais um vez o pudim se havia exaltado...
- Vamos parar! -, grita o queijo mais recente.
- É verdade...
Todos os queijos são possuidores do poder dos consumidos. A realeza mais antiga de sempre. Ultimamente apenas vinham para aqui os mais secos e agrestes. Os suaves e húmidos apenas constam das escrituras dos antigos dos Pacotes de Plástico. Fazem parte de uma crença enraizada que divide os Metafísicos e da Lógica Real. Os húmidos e frescos eram uma casta de consumíveis gigantes que tinham uma duração de vida muito curto. O seu consumo era rápido e a doença mais temida pelos consumidos. Algumas lendas falam mesmo em lutas que travaram pela independencia e final da crueldade da cúpula.

De repente, um clarão amarelado e quente irrompe pelo topo da cúpula e logo se faz sentir um aterrador silêncio. Entre choros contidos e lamúrias geladas, todos os consumidos se agarram a si próprios criando a aparencia seca e porosa que provoca a paragem tempors-tádica.
Um pequeno grão de milho, fresco e húmido, tenta rebelar-se. Levanta-se, prosta-se por cima do seu pequeno e circular habitáculo. Levanta-se com a ira que quem quer o mundo num dedal e grita:
-Morde aqui, cabrão! Deixem-nos em paz. Apenas queremos a serenidade!
Imediatamente é esmagado com a fúria de mil depressões. Morre feliz e grita iberdade verde para os consumidos. As suas feições vitoriosas são desfeitas num breve momento apenas medido em tempo de alma.
Grandes máquinas perfumadas vasculham toda a cúpula, criando devastação por onde passa. Alguns consumíveis partem sob a força do seu próprio medo. A urustose assíncrona invade os seus sistemas e alguns cedem às temiveis doenças.
No final, algumas mães choram os filhos partidos e os pais, irados, gritam roucamente pela justiça na cúpula.

Algures num canto esquecido, o pequeno pedaço de milho jaz, esmagado e disforme. Jaz seco e afarinhado. Jaz com o horror estampado. Jaz pobre. Jaz vazio. Inerte, como o resto da cúpula, deixa-se fluir para dentro da mãe líquida que o acolhe triste, pensando no destino que havia perdido.
Por entre as paredes da cúpula, a dor líquida desce as paredes e aloja-se por entre as raspas da angústia. O mundo morre. Toda a existência perece déspota, como se conhecedora do eterno segredo que desde sempre se recusara a expor.

domingo, setembro 07, 2003

Do topo da dignidade

Sentada no parapeito da janela da sala, sentindo um vento de 2º andar na cara, sangrava abundantemente de um dos braços. Chorava e a sua cara estava suja de manchas arrastadas de sangue. A multidão enraivecida em baixo gritava palavras de ordem e ameaçava-a com objectos do uso quotidiano. Mandou calar o turbilhão e aclarou a voz com dois tossidos sofredores. Olhou para baixo e tentou fazer um semblante mais grave. A multidão calou-se:
- Nunca trocarei os meus infinitos nadas pela vossa única obsessão.

sábado, setembro 06, 2003

Amor num balde de enguias

Eram 12
Todas puras e belas
Cercadas do amor eterno
No entanto
Morreram se saber a sua essência
E na sua ignorância
Mataram as suas irmãs

Saudações ao meridiano 13

Através das cortinas foi-me mostrado um filme
Um filme de eterna paz e serenidade
Era alvo e suave, sem grandes modulações
Porém, chamava-me por nomes que não reconheci
Amargo e pastoso
Fazia-se passar pela minha voz
Imitava os meus dizeres
Possuia toda a área que eu habitava
Quadrado após quadrado,
Movendo-me lentamente por entre as brumas
As brumas enevoadas e crespas da dúvida
Como um tubarão avancei sem poder parar
Contive-me apenas para fazer fluir as névoas
Névoas enganadores que me distituiam do caminho
O caminho não existe
Apenas círculos vistos do espaço
Circulos concêntricos e levitantes
Amarelos e quentes
Suaves e confortáveis
Cegamente me dirigi a eles
Puxei o travão da percepção
E fui engolido pela minha própria negação
Enquanto o meu orgulho sorria ao longe

quinta-feira, setembro 04, 2003

Distopia - ...de repente tudo começa a ficar óbvio!

War is peace
Freedom is slavery
Ignorance is strength


(...)
"We shall abolish the orgasm. Our neurologists are at work upon it now. There will be no loyalty, except loyalty towards the Party. There will be no love, except the love of Big Brother. There will be no laughter, except the laugh of triumph over a defeated enemy. There will be no art, no literature, no science. "
(...)

George Orwell, 1984

Opções

A indecisão é o sentimento mais constante que existe.
No caminho para casa, dentro do carro, em silêncio, compreendeu... A noite traz revelações lúcidas e só não as aceita quem nela prefere ficar.

terça-feira, setembro 02, 2003

Madrugada do desejo

Marta. Doce Marta. A sua doce Marta. A Marta que enchia os seus sonhos de cor-de-rosa. A sua primeira namorada. Aos 8 anos o seu primeiro beijo. Na cara. Atrás da escola primária. Um rubor facial inesquecível. Durante um ano provou o doce sabor do andar de mão dada e dos beijos nos lábios. Aquela doce e inocente relação acabara ao fim de um ano. Marta mudou de escola. O último encontro foi na festa de final de ano, na escola primária, por trás do mosteiro. Os dois, lado a lado, no centro da mesa. Um casamento encenado pela classe. Uma delícia. A brincadeira das brincadeiras. Acabou com um adeus a um automóvel em movimento, vidros fechados. A imagem Marta, chorosa, confundia-se com o reflexo dos contornos manuelinos na janela do carro. O andamento lento do veículo transformou as janelas num céu pesado, cor de chumbo. Denso, ameaçador. Milagres da óptica, reflexos distorcidos que ele jamais esqueceu. Choveu na altura. Chorou o resto do dia, escondido dos amigos e dos seus gritinhos de escárnio. "mariquinhas, mariquinhas"

Dez anos passados e ele volta a encontrar a Marta. Sozinha numa esplanada da baixa. Jamais poderia esquecer aquela face de anjo. Marta tremia com um cigarro na mão. 18 anos. Pálida e triste. Olhos vazios a olhar um objecto invisível algures entre ela e a velha parede de um banco em obras. Ele hesitou. Pensou que não deveria estragar uma memória de um adocicado eterno. Tinha um aspecto decadente. Nada parecida com as suas amigas de faculdade. Todas joviais, coradas e idealistas. Marta parecia um icon de desilusão. Uma imagem gasta, um cartaz de uma peça de teatro de 1987 na parede de uma casa em ruinas. Marta era esse cartaz. O estático tremido. Em tempos vigoroso e importante. Hoje uma imagem de desgosto.

Ele ficou ali a olhar. Marta foi-se embora. Saiu e desceu a rua. Os enfeites de Natal não reflectiam em si. Marta absorvia a luz. Magra. Como um esqueleto. Mal arranjada. Um maltrapilho. Ele chorou uma lágrima invisível e dentro de si quebrou-se a ilusão que mantinha. O cor-de-rosa desfez-se. Anos depois ainda tinha pesadelos. Monstros que comiam sonhos roubavam-lhe o prazer do imaginário inconsciente.

segunda-feira, setembro 01, 2003

Sindrome de Ballard

Quem tem o búzio? A pergunta faz-se diariamente, não para elogiar a racionalidade, mas para chacinar barbaramente o seu portador. Vítimas de um ideal belicista, de conquista e de imperialismo, os portadores do búzio actuais são ofuscados pelo sufoco do seu próprio sangue. Enormes matilhas de selvagens envergam as fardas do apocalipse, as últimas cores que os portadores da razão contemplam.

Envergonham-se os possuidores de ideais de evolução pacífica, escondem os seus pensamentos sob uma mudez de quem deixou de acreditar. Fechados em cavernas da montanha. Choram o rumo selvagem e assimilam finalmente a conclusão milenar de todas as filosofias, a de que somos todos, afinal, um grupo de selvagens sanguinários que teve o azar de descobrir o fogo e de ter um polegar saliente.

O princípio do Mal

Uma ideia, um conceito, um estereótipo... Um ideal comum... A eterna necessidade da raça humana de criar laços. Eis o início de todo o mal. Por vezes ouvem-se aqueles apregoadores de chavões dizer que uma pessoa é inteligente e um grupo é estúpido. E digo-vos que é bem verdade. Nada como um grupo de objectivos comuns para recalcar a genialidade. A votos. A genialidade completamente trucidada pela locomotiva da idiotice. "Queima!". "Mata!". "Elege!"."Destroi!".

E tudo isto apenas pela necessidade de ofuscar a solidão. A necessidade de não se sentir excluido. A necessidade do abraço e dos beijos de mil Judas. As bandeiras, os hinos, os ódios... O que nos une. Separando todos estes elementos em componentes atómicos, só podemos concluir que fomos traídos pela nossa mais primitiva necessidade humana de procriação. Fazer com que a nossa descendência um dia controle o planeta. Tudo biológico. Tudo primitivo... A necessidade de procriar, enfim, a luta pelo poder. Como os pavões.